Na X Jornada Paulista de Terapia Familiar, o grupo Ponto de Encontro organizou o workshop “As cartas que ainda não li…” com a finalidade de cuidarmos do cuidador, pensando nos terapeutas familiares e seus “eus” ressoantes.

Para aquecer, escolhemos fazer uma leitura dramatizada que apresentou personagens e narrativas do livro “O Fuzil de caça”, de Yasushi Inoue. A poesia e prosa desse autor permitiram aos participantes uma aproximação com a envolvente trama sobre relações familiares, amores intensos, destinos e escolhas.
Em contato com as próprias histórias, os participantes puderam escrever alguma carta que ainda não fora escrita, escutando a si mesmos, falas que ainda não haviam sido ditas.

Foi um convite para se darem conta de conteúdos guardados e, naquele momento, compartilhá-los. Foi oportunidade para cada um se achar no tempo, num tempo ou num “meu tempo”, encontrando-se também com amores, desejos paralisados ou falas interrompidas.
Os autores Sandra Fedullo Colombo, Mony Elkaïm, Tom Andersen, Harlene Anderson, Marisa Japur nos ancoraram através de suas contribuições teóricas dentro do construcionismo social, trazendo um universo de experiências pessoais, agora refletido e reflexivo, que nos auxilia na instrumentalização das ressonâncias no fazer terapêutico.

Uma luneta para enxergar além, muito além … para dentro e para os lados, dentro de cada um e no encontro com os outros! Cada vez mais temos clareza da importância de nossas crenças na construção das realidades possíveis para nós.

Nossas reflexões e posicionamentos, no aqui e agora de nossas relações, são construídas a partir do que acreditamos ser nosso lugar na relação com o outro e no que acreditamos que seja o lugar que o outro deve ocupar em relação a nós. Acreditamos que as relações são construídas a partir de nossa visão de mundo, e que são traduzidas pelo que costumamos chamar de uma ética relacional horizontal (Colombo, 2008).

Dessas crenças nasceu o Ponto de Encontro no ano 2.000, dentro do Instituto Sistemas Humanos, coordenado por Sandra Fedullo Colombo. A inspiração foi o desejo de existir um espaço de encontro para profissionais já experientes como Terapeutas de Família que quisessem se reunir em torno da vivência reflexiva de sermos terapeutas na pós-modernidade.

*Trabalho apresentado na X Jornada Paulista.