Comentários da Monografia de Ana Maria Lambert
Querida Aninha!
Obrigada pelo seu convite para “comentadora”!
Você trouxe Tom Andersen de uma forma tão bonita em seu trabalho evocando dimensões profundas e sutis para as quais ele nos convida.
As palavras não são inocentes, a escolha de uma entre tantas possibilidades faz distinções singulares, abre portas de ressonâncias particulares, constrói uma visão de mundo e narra uma história!
Ser um “comentador” é de extrema responsabilidade, recebemos naquele momento um tesouro que está narrando muitas histórias daquele ser humano único e (como disse você) dos seus ancestrais. Todos vivos, ali naquele momento único.
Ohad Naharim – dança com a Família.
Eu, comentadora, estou convidada a re-narraras histórias sagradas daquele ser humano iluminadas uma outra vez pelas portas abertas agora das próprias ressonâncias!
Comentadora… re-narradora
Viva Mony… que nos aliviou do fardo dos julgamentos, do peso do certo ou do errado e nos libertou para como terapeutas nos sentirmos profundamente humanos e relativos (nunca absolutos).
Desse lugar de “comentadora re-narradora”, me encontrando com você em nossas interseções e autorizando minhas ressonâncias a serem ouvidas pelas minhas vozes internas, quero dizer a você,Ana Maria Lambert, minha colega, que você fez uma dança com uma coreografia criativa, sensível e linda.
Você me tocou como bailarina que sempre gostou da improvisação, da capacidade de unir passos numa frase musical que inicialmente poderia passar dissonante.
Encontrei você na fisioterapeuta que abria os segredos do corpo junto com a bailarina, o poeta e a música!
Eu não sei cantar nenhuma música, a não ser alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado… que ensinei para todos os meus netos-crianças… Todos entenderam que nosso caminho não é feito somente por intenções, projetos, deliberações, controles! Mas, e espero, principalmente por sonhos, desejos e criações.
Vi você se formando em fisioterapia, tendo um apelo transgeracional, ancestral, para com arte e ética impulsionar cada ser humano, em seus momentos vulneráveis, a ser acolhido e estimulado em sua autonomia e legitimidade.
Liberdade e respeito foram palavras que ouvi inúmeras vezes em suas histórias. Vovó Ana te inspirando…. Muita ternura em relação à dor do outro, movimentos, cuidadosos e respeitosos no desejo de ouvir todos os envolvidos…
Vovó Mariana curava as dores! Um olhar cuidadoso e protetor para com o casal.
Você com todo o cuidado representando o 3º chegando.
Os passos dessa coreografia da chegada do estrangeiro.
Os inúmeros estranhamentos: do si mesmo e do outro e outros.
Você foi ampliando a fisioterapia até que a colocou no lugar de um instrumento terapêutico nas mãos de uma terapeuta lúdica e criativa.
Você foi capaz de construir alternativas do viver com aquelas pessoas que haviam perdido pedaços de si mesmas. Você com sua música ancestral que passou por 3-4 gerações como nos explicou Andolfi, com seus passos de dança circular na sala dos seus pais, com a escuta especial e respeitosa, com o ritmo da respiração e do silêncio, construiu espaços terapêuticos colaboradores, onde a experiência era existir com o outro, com o corpo e o espirito contemplados nessa conexão. Tom Andersen e Harlene Anderson presentes!
A grande originalidade de seu trabalho é o caminho de entender a narrativa do corpo, que é sua primeira formação, e ir muito além, já como artista, poeticamente e bailarina. Tom Andersen! Acho que nunca seu legado foi tão compreendido, como no seu relato dentro das casas, nesses momentos críticos de dor física e emocional
É tocante como você percebe e busca o sagrado de cada um, oferecendo o seu sagrado.
Seu encontro com o bebê Henrique e seus jovens e assustados pais, reconstruindo o útero afetivo, onde os três puderam ser acolhidos, é uma aula magna de um encontro terapêutico ao redor de um caldeirão de emoções, onde a magia de recontar as histórias constrói a sacralidade daqueles momentos.
Você foi a facilitadora dos encontros onde a magia da reconstrução daquele útero afetivo pode acontecer.
Penso que você e aquela família fizeram juntos uma peregrinação ao Sagrado de cada um.
O Sagrado que é o emergir da própria singularidade ao lado da singularidade do outro.
A peregrinação em direção à autoria de cada ser, partindo com a mochila das histórias ancestrais de pertencimento.
Sim, você foi a facilitadora daqueles encontros onde a magia da reconstrução daquele útero afetivo pode acontecer!
Você me deu um livro lindo! Poesias dançantes de Paula Davis! Você escreveu: De Ana Maria para Sandra: “Querer ser livre é também querer livres os outros”.
Simone de Beawvoir – e vovó Mariana.
E deixo para me despedir a poesia
“Vou dançar palavras escritas,
Coreografá-las com a pena,
Caligrafá-las com o corpo.
Não danço palavras faladas porque não quero levantar suspeitas.
Agora só levanto voo
(Paula Davis)
E você está pronta para voar!
Sandra Fedullo Colombo
Saiba um pouco sobre mim
Formei-me pela PUC-SP, em Serviço Social, em 1968. Na década de 70 vivi experiências que construíram minha identidade profissional: Psiquiatria do Hospital dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, Comunidade Terapêutica Enfance