Sandra Fedullo Colombo


Formei-me pela PUC-SP, em Serviço Social, em 1968. Na década de 70 vivi experiências que construíram minha identidade profissional: Psiquiatria do Hospital dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, Comunidade Terapêutica Enfance, convivência com Osvaldo Dante di Loreto, Michael Schwartzild, Carol Sonnenreich, Amélia Tereza Vasconcelos, seminários com Ronald Laing, Franco Basaglia, Stroh, grupo precursor dos estudos de família coordenado por  Amélia, cursos de Psicanálise com Raquel Soifer, Mauricio Knobel, Isidoro Berenstein, formação em Psicodrama, com Marisa Greeber, participação na fundação da sociedade Paulista de Psicodrama e abertura de meu consultório particular, com atendimento de casais e famílias e grupos de supervisão a profissionais interessados nesse campo de atuação (assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras).

A década de 80 enriqueceu meu caminho na Terapia Familiar com a ampliação do leque de influências através das vozes cada vez mais fortes da Teoria da Comunicação, da Teoria Geral dos Sistemas, e de vários autores, entre eles, Witaker, Minuchin, Sluzki, Maldonado, Cecchin, Palazolli, Andolfi,  Saccu, Bateson, Maturana e outros. No final da década de 80 ocorreram dois acontecimentos importantes: a participação na fundação do Instituto de Terapia Familiar de São Paulo e o encontro com Mony Elkaïm que com sua teoria das intersecções e ressonâncias me trouxe uma compreensão muito mais ampla e libertadora do meu lugar de terapeuta. No inicio da década de 90 tive o prazer de estagiar em Roma com Andolfi e Saccu, aprofundando minhas vivências.

Quero enfatizar ainda nesse período meu encontro com Tom Andersen e a crença na força de transformação da conversação e da escuta especial que me levaram ao Construcionismo Social, às Narrativas  às reflexões de White, Epston e Harlene Andersen e às posições horizontais da Terapia Colaborativa. A fundação do Instituto Sistemas Humanos no ano de 2000 coroou essa caminhada. Sou professora-formadora, interlocutora clínica, coordenadora do Ponto de Encontro e durante 15 anos desenvolvi um projeto voluntário de interlocução institucional na creche inclusiva Naia.. Participei de várias publicações sobre terapia de casal, famílias com crianças pequenas, luto, perdas e separações, novos casamentos, interlocução institucional e desenvolvimento da pessoa do terapeuta. Podemos citar: Como ouvimos nossas crianças. In: Me aprende? Org. CRUZ H.M. Roca, 2012. Autonomia versus pertencimento: uma interrogação. In: Terapia de Família com adolescentes. Org. GARCIA M.L.D. e CASTANHO G. Roca, 2012. Ainda em busca do Sagrado. In: Construção pela vivência em Terapia Familiar. Org. PONTES M.N. Roca, 2011. Separação e Abandono. In: Manual de Terapia Familiar Vol. II. Org. OSÓRIO L.C. e VALLE M.E. Artmed, 2010. O papel do Terapeuta na Terapia Familiar. In: Manual de Terapia Familiar. Org. OSÓRIO L.C. e VALLE M.E. Artmed, 2008. Em busca do sagrado In: Papai, mamãe você e eu? Org. CRUZ H.M. Casa do Psicólogo, 2000. Sou autora e organizadora de “Gritos e Sussurros – interseções e ressonâncias, trabalhando com casais” Vol. I e II. Vetor, 2011 e Ainda existe a cadeira do papai?. Vetor, 2004.

Fui co-fundadora e presidente da Associação Paulista de Terapia Familiar (1998-2000) e da Associação Brasileira de Terapia Familiar (2004-2006), co-organizadora do VII Congresso Brasileiro de Terapia Familiar, além de ter participado em três gestões do CDC da Abratef. Na longa jornada trilhada junto a famílias, casais terapeutas e tantos pesquisadores e pensadores construí a crença de que um terapeuta necessita buscar sua própria humanidade, representada pelo seu contato íntimo com a vulnerabilidade e a dor; necessita ter profundo respeito à existência do outro e a convicção de que são inúmeras as versões da realidade: a curiosidade e a empatia são recursos insubstituíveis. Assim, enfatizo a impossibilidade de dissociarmos quem somos do que fazemos, e a construção do espaço reflexivo dependerá da possibilidade de o terapeuta convidar seus clientes a penetrar o espaço sagrado do existir consigo mesmo e com o outro.